domingo, 10 de julho de 2016

Saudades! Um dia o Senhor utilizou um homem com uma Sabedoria e uma Dedicação Especial: Dr. Hildebrando Monteiro Marinho.

Eu estava nos últimos dias da minha vida, aos 3 anos de idade, com a última oportunidade de permanecer vivo, sem nenhuma possibilidade real.

Deus enviou ao meu encontro o Médico e professor, que após a cirurgia para extração do meu baço - algo inimaginável para a época, permitiu um momento de esperança aos meus pais e parentes.

Reproduzo com muita honra esta homenagem ao HILDEBRANDO MONTEIRO MARINHO - PATRONO DA CADEIRA Nº 76 DA ACADEMIA DE MEDICINA DO RIO DE JANEIRO.

"Homenagem ao Professor Hildebrando Monteiro Marinho prestada por seu neto Roberto Magalhães na Cerimônia de Abertura do HEMO 2005, na cidade do Rio de Janeiro. H. Monteiro Marinho é uma personalidade marcante em minha vida e gostaria de compartilhar com os colegas desta maravilhosa experiência, privilégio e ótica de um neto médicohematologista. Acredito que, para os mais antigos, seja uma forma de relembrar suas características mais marcantes e para os mais novos apresentar um profissional cuja a trajetória é parte da história do desenvolvimento de nossa especialidade no país, servindo de exemplo de dedicação e espírito de luta. Nascido e criado no Rio de Janeiro, concluiu seu curso de graduação em medicina pela Escola de Medicina e Cirurgia em dezembro de 1941. Seu interesse e primeira contribuição para a especialidade se fizeram notar, quando desenvolveu e estruturou o primeiro núcleo de trabalho universitário em hematologia clínica do Rio de Janeiro a convite do professor Luis Amadeu Capriglione da Faculdade Nacional de Medicina na Universidade do Brasil, naquela época localizada no Hospital Moncorvo Filho. Esta foi uma época de grandes dificuldades e também de progresso posto que, até então, não havia o reconhecimento pleno do papel do hematologista, tal como ocorria nas demais áreas clínicas. Possuindo um firme propósito de realizar conjuntamente pesquisa científica, ensino e assistência médica, teve de enfrentar em sua vida profissional inúmeras dificuldades tanto de ordem estrutural como conjuntural. Assim, implantou o serviço de hematologia clínica do Instituto Estadual de Hematologia sediado no Hospital Pedro Ernesto. Em 1969, durante sua gestão como Secretário de Saúde do antigo Estado da Guanabara, concluiu a obra e inaugurou o novo prédio do Instituto Estadual de Hematologia, promovendo a união das estruturas de hemoterapia e hematologia clínica que até então, coexistiam em separado. E com isso realizou um antigo sonho: o de criar institucionalmente, condições de bom atendimento assistencial, a hemopatas que não tivessem condições de serem assistidos em clínicas privadas. O Instituto de Hematologia, à época de sua inauguração, chamado de Instituto de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti teve a oportunidade de receber a visita dos mais ilustres mestres da hematologia dentre eles, não poderia deixar de citar: os Professores. Jean Bernard , Maxwell Wintrobe e John Dacie. Com base neste notável empreendimento, inúmeras, sementes foram plantadas em todo o território brasileiro e ele, também, teve como grande contribuição a medicina a formação de renomados especialistas e pesquisadores com destaque nacional e internacional. Dr. Marinho dedicou 12 anos de sua vida profissional a essa Instituição tendo a oportunidade de exercer por três períodos o cargo de diretor assim como o de chefe do serviço de hematologia clínica. Em 1983 foi convidado a chefiar a 3a Enfermaria da Santa Casa de Misericórdia. Fiel aos seus propósitos, mais uma vez demonstrou sua obstinação a melhoria do ensino acadêmico buscando adicionar aos moldes do antigo hospital, uma infraestrutura capacitada de assistência, ensino e de pesquisa para alunos de graduação e pós-graduação. Foi editor da Revista “Hematologia – Boletim” e para tal, contou com a fundamental colaboração de sua esposa Maria Luiza (seu braço direito), mantendo o intercâmbio científico com cerca de 1500 especialistas no Brasil e no mundo. Suas atividades universitárias foram muito profícuas no que diz respeito a docência e a pesquisa, teve livros publicados, foi membro de comissões científicas de revistas nacionais e internacionais, participou de 62 bancas examinadoras de concursos para livre docência e professor titular, participou de diversos colegiados, ingressou na Academia Nacional de Medicina em 1969, com tese sobre hemoglobinopatia S, um problema de saúde pública que muito o inquietava na época. Como avô, muito me orgulho não só de sua trajetória que extrapolou em muito os limites de médico e hematologista mas, sobretudo, da grande pessoa humana que é. Esteve presente em minha sala de parto e nos nascimentos de meus filhos, sendo sempre um grande amigo em todos os momentos da família. Lembro–me como se fosse ontem sua alegria quando teve a notícia de que seu neto, iria ingressar no curso de medicina na mesma Universidade onde se formara há 58 anos atrás. Durante meu curso médico, tentava não me induzir diretamente a opção da especialidade, reforçava sempre que deveria ter boa formação em clínica médica geral, no entanto, o Dr Marinho de diferentes formas exercia uma prática de sedução contínua e lenta. Restou-me sucumbir a este encanto e seguir naturalmente o destino que já estava determinado. Vovô Marinho sempre dizia, um ditado hindu "O verdadeiro mestre é aquele o qual seus discípulos o superam”. Hoje entendo que das sementes que plantou formou-se um belo jardim que continuará crescendo, florescendo e perpetuando a hematologia em todos os cantos do nosso país.

Meu avô, continue sempre sorrindo como o fez esta semana por ocasião de seu aniversário, sua missão foi cumprida com louvor. * Dr Roberto Magalhães, é medico hematologista do Serviço de Hematologia e Transplante de Medula Óssea da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)."

Um comentário:

Tifsa disse...

A paz do Senhor Jesus, meu amado Pastor Newton. Muito bom. Sou fã de seus artigos.