quarta-feira, 3 de junho de 2009

A Graça de Ofertar! Pr. Marcello de Oliveira.


A GRAÇA DE OFERTAR - II Coríntios 8

Introdução:

Um dos principais motivos da terceira viagem missionária de Paulo foi recolher uma “oferta especial” aos cristãos necessitados da Judéia. No governo do imperador romano Cláudio, houve um período de grande fome em todo o mundo, fato esse profetizado por Ágabo (At 11.27,28). Nesse tempo, os judeus que moravam em Roma foram expulsos (At 18.2), e uma pobreza assoladora atingiu os cristãos da Judéia.

Além da assistência material aos pobres, Paulo tinha outra bênção em mente. Desejava que essa oferta fortalecesse a unidade da Igreja pela partilha de recursos dos gentios com as congregações de judeus do outro lado do mar. Para o apóstolo, os gentios eram “devedores” dos judeus (Rm 15.25-28).

O apóstolo Paulo, ao ser enviado aos gentios, assumiu o compromisso de não se esquecer dos pobres, o que efetivamente esforçou-se por cumprir (Gl 2.9,10). Durante suas viagens missionárias nas províncias da Macedônia, Acaia e Ásia Menor, Paulo esforçou-se para levantar uma oferta especial destinada aos pobres da Judéia (I Co 16.1-4; II Co 8.1-24; II Co 9.1-15). Paulo não só levantou esta oferta entre as igrejas gentílicas, mas a entregou com fidelidade (At 24.16-18).

Como podemos descobrir se estamos “ofertando pela graça”? Paulo neste capítulo indica algumas evidências de que nossa contribuição é motivada pela graça. Vejamos:

1) Quando contribuímos apesar das circunstâncias (II Co 8.1,2)

“Também irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia” (8.1). O apóstolo ensinou à igreja que contribuir é um ato de graça. Ele usou nove palavras diferentes para referir-se a oferta, mas a que emprega com mais freqüência é graça. Neste texto, Paulo usa a palavra graça seis vezes em relação ao ato de contribuir (8.1,4,6,9,19; 9.14). A graça é um favor divino independentemente do merecimento humano. A contribuição, portanto, não é um favor que fazemos aos necessitados, mas um favor imerecido que Deus faz à nós. A graça ama e se regozija em dar, em oferecer. Ralph Martin diz que a graça da contribuição é a atividade inspirada pela graça de Deus que nos leva a dar.

Os macedônios que conforme o texto se encontravam em profunda pobreza, expressão que no original significa “miséria absoluta”, situação esta decorrente de sua fé cristã, pois talvez tenham perdido empregos ou sido excluído das associações comerciais por recusarem a ter qualquer envolvimento com a idolatria, mesmo diante desta terrível situação, não deixaram de contribuir. Pelo contrário: deram com toda alegria e generosidade! Nenhum computador é capaz de analisar essa fórmula extraordinária: grande aflição e pobreza profunda + graça= alegria e generosidade abundantes! Que fé extraordinária! Eles tinham vida dentro deles. A palavra ge-ne-ro-si-da-de, vem de “gene, genético, gênesis”: vida abundante. É exatamente por isso que o sábio disse: A alma generosa engordará (Pv 11.25).

2) Quando a contribuição transcende as expectativas (II Co 8.3-5)

Paulo para encorajar os crentes de Corinto a crescer na graça da contribuição, mostra dois exemplos de uma contribuição transcendente:
o exemplo dos macedônios em sua oferta sacrificial (8.3-5), e o exemplo de Cristo, fazendo-se pobre para nos fazer ricos (8.9). Neste sentido, o exemplo de contribuição dos macedônios foi transcendente em três aspectos:

Em primeiro lugar, na disposição voluntária de dar além do esperado. “Porque eles, testemunho eu, na medida das suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários” (8.3) Os macedônios não deram apenas proporcionalmente, mas deram acima de suas posses. Eles fizeram uma oferta sacrificial. Eles ofertaram num contexto de tribulação e pobreza. Geralmente os que mais contribuem não são os que mais têm, mas os que mais amam e os que mais confiam no Senhor.

Em segundo lugar, na disposição de dar mesmo quando não é solicitado. “Pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos” (8.4) Paulo usa, nesse versículo três palavras magníficas: charis (graça), koinonia (participarem) e diakonia (assistência). A contribuição financeira era entendida como um ministério cristão. Digno de nota, é que os macedônios não contribuíram em resposta aos apelos humanos, mas como resultado da graça de Deus concedida a eles. Não foi iniciativa de Paulo pedir dinheiro aos macedônios para os pobres da Judéia, foi iniciativa dos macedônios oferecerem dinheiro a Paulo para assistir os santos da Judéia. Os cristãos macedônios entenderam as palavras de Jesus: “Mais bem aventurado é dar que receber” (At 20.35)

O erudito Doutor Warren Wiersbe está correto quando diz que a graça nos liberta não apenas do pecado, mas também de nós mesmos. A graça de Deus abre nosso coração e nossa mão.

Em terceiro lugar, na disposição de dar a própria vida e não apenas dinheiro. “E não somente fizeram como nós esperávamos, mas também deram a si mesmos, primeiro ao Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus” (8.5). Os macedônios não deram apenas uma prova de sua generosidade e comunhão, deram a eles próprios. Amamos o texto de Jo 3.16 [...] de tal maneira que deu o seu Filho [...], mas não praticamos o texto de I Jo 3.16 [...] e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos. Não. Isto é forte demais. A verdadeira generosidade só existe quando há entrega do próprio eu. Precisamos não apenas investir dinheiro, mas também vida. Quando perguntaram para Charles Studd, que deixara as glórias do mundo esportivo da Inglaterra [ele foi o maior jogador de críquete do país] para ser missionário na China, se não estava fazendo um sacrifício grande demais, ele respondeu: “Se Jesus Cristo é Deus e ele deu sua vida por mim, não há sacrifício tão grande que eu possa fazer por amor a Ele”. Oh Deus, dá-nos esta fé triunfante!

3) Quando contribuímos seguindo o exemplo de Cristo, e não por pressões humanas – (II Co 8.8,9)

Infelizmente muitas igrejas têm se transformado num mercado, o púlpito num balcão, o evangelho num produto e os crentes em consumidores. Já há quem diga: “pequenas igrejas, grandes negócios”. Muitas igrejas evangelizam para ganhar dinheiro, em vez de usarem o dinheiro para evangelizar. Conta-se um fato ocorrido com Tomás de Aquino, no séc XIII. Ao visitar o papa Inocêncio 3º, foi recebido em uma suntuosa sala. O papa ocupado em contar grande soma de dinheiro, disse sorrindo: "Olha Tomás, a Igreja não precisa mais dizer não temos prata nem ouro"! Respondeu-lhe imediatamente, o ilustre visitante: "É verdade, mas nunca mais poderemos dizer: "Em nome de Jesus, o Nazareno, levanta e anda"!. O papa referia-se a riqueza da igreja como uma grande vitória. Tomás de Aquino, por sua vez, referia-se ao grande declínio espiritual da Igreja.

A igreja não pode imitar o mundo. Este enriquece tirando dos outros; o cristão enriquece dando aos outros.

Nestes versos Paulo nos ensina duas preciosas lições acerca da contribuição cristã:

Em primeiro lugar, a contribuição deve ser motivada pelo amor ao próximo.

Paulo diz que devemos contribuir não por constrangimento, mas espontaneamente; não com tristeza, mas com alegria, porque Deus ama a quem dá com alegria (II Co 9.7). Agora Paulo diz: “Não vos falo na forma de mandamento [...]” (8.8 a). A motivação da generosidade da contribuição é o amor. Paulo prossegue: [...] mas, para provar, pela diligência dos outros, a sinceridade do vosso amor (8.8 b). Sem amor, até mesmo nossas doações mais expressivas são pura hipocrisia. Foi por isso que Paulo disse que nós podemos dar todos os nossos bens aos pobres, mas se isso não é feito [motivado] pelo amor, não terá nenhum valor (I Co 13.1).

Em segundo lugar, a contribuição é resultado do exemplo de Cristo.

“Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornastes ticos” (8.9). Cristo foi o maior exemplo de generosidade. Damos dinheiro? Cristo deu sua vida! Damos bens materiais? Ele nos deu a vida eterna. Cristo esvaziou-se, deixando as glórias do céu para se fazer carne e habitar entre nós. Ele nasceu numa cidade pobre, numa família pobre e viveu como um homem pobre, que muitas vezes não tinha onde reclinar a cabeça. Ele nasceu numa manjedoura, cresceu numa carpintaria e morreu numa cruz. Ele é o maior exemplo de generosidade. Se Ele nos deu tudo por nós, devemos fazer de igual modo, oferecendo nossas vidas e nossos bens numa expressão de altruísmo e abnegação. Que seja assim. Amém!

Bibliografia:
Wiersbe, Warren. Comentário Expositivo. N.T. Geográfica Editora
Lopes, Hernandes Dias. II Coríntios. Ed. Hagnos 2008

Matéria gentilmente cedida, pelo amado pr. Marcello de Oliveira, que inspirado por Deus, nos concede a leitura de textos, que aumentam o nosso conhecimento cultural espiritual. E, pode ser encontrado no seu blog: http://davarelohim.blogspot.com

O Senhor te abençoe, pr. Marcello de Oliveira, homem de Deus,

pr. Newton Carpintero.

Um comentário:

Anônimo disse...

O DESVIO DO BENEFICIÁRIO É UMA COISA TREMENDA NOS DIAS DE HOJE, OS POBRES NÃO SÃO ASSISTIDOS EM QUASE NADA.

AS IGREJAS MAIS RICAS SÃO AS QUE MENOS AJUDAM OS IRMÃOS POBRES, ALIÁS ELES NEM QUEREM MEMBRESIA QUE ESTEJAM NA POBRESA.

NO EPSÓDIO DE TOMÁS DE AQUINO EU FICO PREOCUPADO COM OS PROMOTORES DOS FALSOS SINAIS, PODEM ELES, USAR ESSE RELATO COMO DESCULPA PARA CONTINUAREM ENGANANDO.